Por Antonio Fernandes
O seres humanos são, digamos, meio idiotas. Na verdade, não diria meio idiotas, vamos recomeçar esse texto.
Seres Humanos são idiotas. Porque? Bom, porque tem a maldita mania de constantemente jogarem tudo pro alto e desistirem de sí mesmos. Constantemente eles jogam no lixo seus "Eus", e se tornam pessoas completamente diferentes. Se isso bastasse, seria suficiente, mas não, esses novos "Eus" quase sempre são piores que os anteriores, e quando digo piores, são piores mesmo.
Todos nascemos crianças. Como são as crianças? Bem, elas são inocentes, elas tem sonhos e acreditam no futuro. As crianças olham pra todas as coisas e acreditam que aquilo é possível. Nunca duvide de um garoto de 7 anos se ele lhe disser que irá pegar a lua e coloca-la no teto para poder vislumbra-la todas as noites. É bem capaz que ele tente mesmo.
E consiga.
Crianças não veem a tragédia a sua frente, as crianças não veem o mundo como um caso perdido, mas como um oceano a ser descoberto, onde cada pequeno problema pode ser resolvido depois de um belo pote de sucrilhos matinal, e alguns biscoitos, claro.
A sabedoria infantil é uma dádiva. Sábios são aqueles que crescem como crianças.
Mas constantemente, ao chegar aos 10 anos, as pessoas matam seus "Eu's crianças". Elas o trocam por uma figura revoltada. Ao descobrirem realmente todos os podres do mundo, elas começam a encara-lo como um problema, como um defeito. Seus pais não são mais perfeitos, a escola te canaliza a acreditar que tudo é uma catástrofe, e cada vez mais, te desinsentiva a ser aquela criança criativa que um dia você foi. Que tinha uma resposta para todos os problemas, e caso não tivesse, sabia onde encontra-las. Em seus sonhos.
Quando a escola começa a limitar sua criatividade, e você passa a não encontrar soluções para os problemas, quando a guerra fria parece o fim do mundo, quando o aquecimento global se mostra impossível de ser revertido, quando a fome na África se mostra grande demais pra ser erradicada, quando as redes de fast-food começam a ficar absurdas demais, você começa a criar um "Eu interior" de desespero, e naquele momento, você faz oque qualquer animal acuado faria.
Você se revolta.
A adolescência é a fase das lutas. É quando o humano não consegue acreditar nos próprios humanos. Quando começamos a desacreditar nas gerações passadas, e começamos a lutar. Lutar pelo que? Lutas tão distantes, tão grandes, são tantos que passam fome, tantos que morrem, tantos que são escravizados pelo capitalismo, que tudo passa a ser absurdo demais, grande demais...
A grande questão da adolescência, é que não há nenhum problema que seja grande demais para os braços e os corações resolverem. Com armas ou flores, tudo é possível.
Tome cuidado com adolescentes. Se quer saber, foram eles quem decapitaram os reis da europa, foram eles que derrubaram pedra por pedra a Bastilha, foram eles que se juntaram para lutar por liberdade nos estados do norte dos EUA, foram eles que sempre quebraram tudo quando tudo parecia errado, foram eles que fugiram de casa, vestiram roupas coloridas, óculos enormes e foram fumar maconha para protestar contra uma guerra sem sentido.
A adolescência é uma loucura.
Mas há uma fase da vida completamente idiota. É quando saímos da dita adolescência. Quando matamos esse nosso "Eu" de revolta. o Nosso "Eu" que quer salvar o mundo. O nosso "Eu" que quer fazer a diferença.
Você se torna um "adulto" quando finalmente deixa de acreditar em tudo. Você tem traumas demais, problemas demais, trabalho demais, chefes demais, para poder se preocupar com aqueles que REALMENTE precisam de ajuda.
O "Ser Adulto" é aquele indivíduo idiota, que esqueceu das grandes causas. Que minou todas as suas vontades de bem maior, todos os seus SONHOS, para se focalizar nos 3 metros a sua frente, e, em alguns casos, nos 3 centímetros que vão até a ponta do seu próprio nariz.
Não é difícil entender por que eles fazem isso. A fome na áfrica não acabará nunca!, O aquecimento global é irreversível!, Os Mac Donald's nunca deixarão de existir! É o capitalismo que impera, O que eu posso fazer?
Quando você desiste dos seus sonhos. Quando você desiste de ajudar outros com seus próprios sonhos. Quando você desiste do mundo. Parabéns, você agora é um adulto.
Não estou te criticando por ficar velho, veja bem. Conheço uns quinze a vinte velhos que são adolescentes, que preservam a idade do desespero, onde começaram a ver que o mundo não tinha salvação, e começaram a buscar uma salvação. E coisa mais rara ainda, conheço uns dois ou três velhos, que ainda preservam suas crianças, e acham que tudo é uma questão respeito força de vontade.
Pessoas de quarenta, cinquenta, ou até setenta anos, que estariam dispostas a ajudar dois inimigos a se darem as mãos, levar uma rosa à alguém que precisa dela num hospital, levar um livro para aquele garoto da periferia, estão dispostas a dar um ursinho de pelúcia à aquela menina que perdeu os pais num acidente de carro.
Eles acreditam na esperança.
Não queira ser um adulto. Faça um favor a você e ao planeta.
Acredite!
Afinal, a idade nunca foi realmente algo que fizesse você diferente, a não ser até o ponto que colocaram isso em sua cabeça.
Seja jovem.
Seja feliz.
Sorria.
Mas lembre-se que a grande alegria da juventude, não é só sorrir, mas compartilhar sorrisos.
Nada está perdido a menos que você acredite que está.
Pense nisso.
Have a nice day.
"Se todos dermos as mãos, quem sacará as armas?"
domingo, 28 de novembro de 2010
domingo, 21 de novembro de 2010
O Cavaleiro Andante
Por Antonio Fernandes
O suor escorria pegajoso por sua testa, descendo até um dos seus poderosos olhos, que piscaram, espalhando-o.
Ele vinha andando pelo mundo já fazia um tempo. Lutou contra guerreiros perversos, monstros horripilantes, e salvou mulheres indefesas, mas aquilo que estava em sua frente, era um desafio que ele jamais havia visto antes.
Eram três gigantes. Monstruosos, aberrações, cerca de 5 metros de altura. Fortes, invencíveis, imortais.
E eles riam. Riam do cavaleiro, que mesmo com toda sua bondade e senso de justiça, toda sua vontade de salvar pessoas e melhorar o mundo, era incapaz. Era fraco perante aquelas horripilantes criaturas. Impossível ler o que quer que estivesse pensando.
Pensou em seu fiel escudeiro. Homem valoroso aquele que tinha ao seu lado, e corajoso também. Morreriam juntos, lutando contra os males do mundo. Bela morte. Bela morte.
Então seria assim que tudo terminaria. Bom, fora uma boa causa. O amor de sua vida iria chorar quando soubesse que ele, um glorioso cavaleiro, que andou por esse mundo ajudando os oprimidos e reprimindo os maus, estava morto.
Morto. Desmificado. Sem vida. Enterrado. Sete Palmos. Passageiro de Caronte. Visitante de São Pedro. Hospede do Céu. Foi-se desta para melhor. Uma pena. Uma pena.
Ele, grandioso e valoroso guerreiro, se pegou imaginando os pobres mortais cantando cantigas e histórias em seu nome, sobre como ele correu poderoso contra três malditos gigantes, rumo a morte, para que um dia, talvez, o mundo se tornasse um lugar melhor pra se viver. Um dia.
Imposto em glórias e louros, ele, cavaleiro, guerreiro, homem, baixou seu capacete, segurou sua lança e partiu a galope, em seu unissomo cavalo branco.
Cavalgou sentindo o vento cortar suas faces, poderoso, pespicaz, ele encarava os gigantes, que riam. Riam. Choravam de rir da sua presença. Humilhavam-no. Mas ele nada iria temer, lutaria contra eles até a última gota de seu sangue.
Mas quando se aproximou, praparava seu primeiro golpe em um daqueles monstros, mas esse o agarrou, rodou-o e o arremessou longe.
Era uma umilhação. Ele caiu esparramado no chão. Sua lança quebrada, sua glória em pedaços, seus sonhos meio perdidos por alguns instantes. Ele não podia crer. Como o ma podia triunfar sobre o bem? Como um demônio daqueles poderia destruir assim, os sonhos de um homem bom e valoroso como ele, que nada mais queria que ajudar as pessoas do mundo? Uma sombra sob o sol se aproximou, por um momento pensou que seria o próprio monstro vindo liquida-lo, rezou sua última prece a Virgem Maria, esse seria seu fim. Mas deu um suspiro quando percebeu ser apenas, seu pequeno e fiel escudeiro.
- Senhor, que foi isso que o senhor fez?
- Ah Sancho, se soubesse quão dura é minha vida para livrar o mundo do mau, que tanto maltratam as pobres almas que nele habitam. Um dia Sancho! Um dia, eu tornarei esse lugar, um lugar bom para se viver.
Montou em seu corcel branco, bateu a poeira de suas roupas desbotadas, e lá se foi Dom Quixote De La Mancha, cego de vontade por fazer o bem, fosse contra gigantes, ou contra moínhos. A diferença entre os dois, quem sabe? Só o coração de um bravo cavaleiro em busca dum mundo melhor poderá estabelecer diferenças o certo e errado.
E lá se foi Quixote, Cavaleiro honrado, herói dos que sonham. Perdido de esperanças. Um dia, ele há de conseguir.
Um dia.
Um dia.
E os moínhos ainda giravam. C'est la Vie.
O suor escorria pegajoso por sua testa, descendo até um dos seus poderosos olhos, que piscaram, espalhando-o.
Ele vinha andando pelo mundo já fazia um tempo. Lutou contra guerreiros perversos, monstros horripilantes, e salvou mulheres indefesas, mas aquilo que estava em sua frente, era um desafio que ele jamais havia visto antes.
Eram três gigantes. Monstruosos, aberrações, cerca de 5 metros de altura. Fortes, invencíveis, imortais.
E eles riam. Riam do cavaleiro, que mesmo com toda sua bondade e senso de justiça, toda sua vontade de salvar pessoas e melhorar o mundo, era incapaz. Era fraco perante aquelas horripilantes criaturas. Impossível ler o que quer que estivesse pensando.
Pensou em seu fiel escudeiro. Homem valoroso aquele que tinha ao seu lado, e corajoso também. Morreriam juntos, lutando contra os males do mundo. Bela morte. Bela morte.
Então seria assim que tudo terminaria. Bom, fora uma boa causa. O amor de sua vida iria chorar quando soubesse que ele, um glorioso cavaleiro, que andou por esse mundo ajudando os oprimidos e reprimindo os maus, estava morto.
Morto. Desmificado. Sem vida. Enterrado. Sete Palmos. Passageiro de Caronte. Visitante de São Pedro. Hospede do Céu. Foi-se desta para melhor. Uma pena. Uma pena.
Ele, grandioso e valoroso guerreiro, se pegou imaginando os pobres mortais cantando cantigas e histórias em seu nome, sobre como ele correu poderoso contra três malditos gigantes, rumo a morte, para que um dia, talvez, o mundo se tornasse um lugar melhor pra se viver. Um dia.
Imposto em glórias e louros, ele, cavaleiro, guerreiro, homem, baixou seu capacete, segurou sua lança e partiu a galope, em seu unissomo cavalo branco.
Cavalgou sentindo o vento cortar suas faces, poderoso, pespicaz, ele encarava os gigantes, que riam. Riam. Choravam de rir da sua presença. Humilhavam-no. Mas ele nada iria temer, lutaria contra eles até a última gota de seu sangue.
Mas quando se aproximou, praparava seu primeiro golpe em um daqueles monstros, mas esse o agarrou, rodou-o e o arremessou longe.
Era uma umilhação. Ele caiu esparramado no chão. Sua lança quebrada, sua glória em pedaços, seus sonhos meio perdidos por alguns instantes. Ele não podia crer. Como o ma podia triunfar sobre o bem? Como um demônio daqueles poderia destruir assim, os sonhos de um homem bom e valoroso como ele, que nada mais queria que ajudar as pessoas do mundo? Uma sombra sob o sol se aproximou, por um momento pensou que seria o próprio monstro vindo liquida-lo, rezou sua última prece a Virgem Maria, esse seria seu fim. Mas deu um suspiro quando percebeu ser apenas, seu pequeno e fiel escudeiro.
- Senhor, que foi isso que o senhor fez?
- Ah Sancho, se soubesse quão dura é minha vida para livrar o mundo do mau, que tanto maltratam as pobres almas que nele habitam. Um dia Sancho! Um dia, eu tornarei esse lugar, um lugar bom para se viver.
Montou em seu corcel branco, bateu a poeira de suas roupas desbotadas, e lá se foi Dom Quixote De La Mancha, cego de vontade por fazer o bem, fosse contra gigantes, ou contra moínhos. A diferença entre os dois, quem sabe? Só o coração de um bravo cavaleiro em busca dum mundo melhor poderá estabelecer diferenças o certo e errado.
E lá se foi Quixote, Cavaleiro honrado, herói dos que sonham. Perdido de esperanças. Um dia, ele há de conseguir.
Um dia.
Um dia.
E os moínhos ainda giravam. C'est la Vie.
domingo, 14 de novembro de 2010
Entre Saltos e Armas
Nota da autora: Primeiramente gostaria de pedir desculpas pela demora de postar estou atolada de coisas para fazer. Porém postei um pouco mais de como de costume. Obrigada.
-
Por Tatiane Galimberti
Capítulo Terceiro
Ver Richard depois de algum tempo, era no mínimo atordoante.
Quando pensei que já estivesse completamente curada de toda aquela coisa que um dia sentimos um pelo outro eu digo “coisa” porque não tenho um nome correto para denominar. Ele agora estava à minha frente, pronto para mexer completamente com as minhas emoções.
-“Quero que viaje comigo”. – Ele agora me encarava como se soubesse com extraordinária convicção o que era o certo para mim.
Dei uma risada forçada.
-“Viajar com você? Vai me levar a força? Devo chamar um advogado? Ah, espera... eu sou uma advogada”. – Eu ri ironicamente.
Ele também riu, mas a impaciência estava ficando evidente em seu rosto.
-“Você nunca me amou, não é?”. – Ele perguntou por fim.
“Não”. – Respondi.
-“Pelo menos agora eu sei, e não tenho que conviver com a incerteza de que fiz algo errado, para você ter fugido, você apenas me usou, muito inteligente da sua parte, na verdade”.
-“Bem, agora que você sabe, pode voltar para casa”. – Fui logo me preparando para se levantar da mesa, e finalizar o meu encontro por ali.
-“Ei, ei... espere. Ainda tenho notícias que te interessam”. – O garçom agora se aproximava novamente com uma garrafa de Whisky que provavelmente ele já tinha pedido antes mesmo de eu chegar.
-“Mesmo você tendo me usado esse tempo todo, sinto que ainda tenho que te ajudar”.
Engoli seco o que ele havia acabado de dizer.
Acho que não tem outro jeito, e você precisa saber de algumas coisas agora. Então vou tentar resumir ao máximo.
Quando era juíza em Seattle, sempre tive que lidar com todo o tipo de gente. Em alguns casos, tudo corria perfeitamente bem e dentro da lei. Em outros, nem tanto.
Eu havia condenado um poderoso chefão da máfia, como dizem... Para mim não passam de criaturas nojentas e repugnantes. Mas depois dessa condenação, minha vida começou a se tornar um verdadeiro inferno.
Eu era constantemente ameaçada com telefonemas, cartas, e-mails e nos mais diversos lugares. Eles pareciam me conhecer muito bem, e isso era assustador.
Eu digo “eles” porque eu tenho certeza que o grupo por trás disso, não era nada pequeno.
Meu carro já estava blindado, minha casa estava sendo vigiada por seguranças, meu marido e meus filhos foram privados de sair de casa, até mesmo de ir trabalhar e ir à escola.
Eu tive de forçar o meu marido a não ir trabalhar e isso acabaria com a vida de qualquer pessoa normal, até tentarem descobrir quem eram as pessoas por trás disso, o que gerou um problema enorme em nosso relacionamento.
Meu casamento já estava entrando em uma falência total. Na verdade eu me sentia a pior pessoa do mundo.
Por que meus dois filhos gêmeos de oito anos e meu marido tinham que sofrer as consequencias, por conta da carreira que eu resolvi seguir?
Ele não dizia isso em voz alta é claro, ele tinha um enorme respeito por mim por mais que estivesse zangado, mas era claro que ele estava começando a me odiar por aquela situação desesperadora. E isso não foi nem o começo.
Dois meses de restrições, procurando caminhos alternativos todos os dias para voltar para casa, passando noites em claro sem dormir e vendo meu marido se afastando cada vez mais de mim, até que tudo cessou.
Eu não sabia como havia parado. Mas todas aquelas ameaças haviam acabado.
Meu marido então, decidiu que já era hora de voltar ao trabalho e as crianças voltarem à escola.
Eu argumentei que poderia ser cedo demais. Eles poderiam estar blefando, justamente para nos pegarem desprevenidos, e eu tinha certeza que eles não iriam fazer nada comigo, porque era uma ideia estúpida, eles precisavam de mim para obter o que quisessem. Iriam em cima de alguém da minha família apenas para me atingir. E eu precisava protegê-los.
Mas Robert não me deu ouvidos.
Ele já estava cansado de ficar em casa e de se sentir impotente. Eu não tiro a razão dele. Mas o que mais eu poderia fazer em uma situação dessas?
Os investigadores já estavam fazendo o seu trabalho com enorme eficiência. Disso eu não podia reclamar.
E foi aí que conheci Richard.
Ele era o investigador que iria me ajudar no caso. E à medida que nos conhecemos nos tornamos grandes amigos. Passávamos grande parte do tempo juntos, trabalhando.
Eu precisava me certificar de que todas essas pessoas estariam presas, e assim eu poderia dormir tranquila, sabendo que a minha família estava segura.
E nessas alturas meu casamento já havia praticamente acabado. Só não estávamos com disposição de entrar naquela batalha judicial de divisão de bens. Mas tanto eu como ele sabíamos que não teria mais jeito, e quando esse caso terminasse, colocaríamos um fim naquilo.
O que mais me deixava triste, em relação ao divórcio era que ele com certeza iria pedir a guarda das crianças e iria conseguir. Eu não tinha como ficar com eles nessas circunstancias. E ele poderia utilizar isso contra mim e ganharia facilmente.
Outra coisa em relação ao divórcio que me deixava completamente arrasada, era o fato de que quando você está tanto tempo com alguém, nunca imagina que isso acabaria com tamanha indiferença. Ou pior, que acabaria.
As ameaças começaram a seguir um padrão. Primeiro elas tinham um período intenso, e depois elas cessavam.
Já fazia parte da minha vida receber um “Bom dia, vou te matar”.
Eles pareciam estar infiltrados dentro da minha mente. Não importava o quanto eu fugisse.
Mudamos-nos de casa, trocamos inúmeros celulares, telefones, computadores. No final de tudo, preferíamos evitar usar qualquer tecnologia que nos denunciasse. Mas eles sempre me encontravam.
Meu trabalho com Richard estava indo bem. Conseguíamos pistas valiosíssimas, mas sempre que estávamos perto de acabar logo com isso, sempre algo dava errado.
Eu tentava ao máximo dar tudo que os meus filhos precisavam. Eles eram a minha prioridade. Era só o que me importava, mas eu já estava entrando em desespero.
Nas poucas vezes em que eu chegava em casa, Robert mal falava comigo. Eu não tinha aonde encontrar qualquer tipo de conforto, me sentia completamente sozinha. Exceto por aqueles dois garotinhos. Ryan e Bryan.
Se eu consigo falar sobre eles, e até citar seus respectivos nomes hoje, é porque eu sou uma pessoa muito forte. Ou talvez meu ex marido estivesse certo, eu não tenho coração.
O fato é que eu estava desolada, e Richard estava sempre do meu lado, e acabamos nos apaixonando. Nessa época não fizemos nada, até porque eu não estava em clima de romance, muito menos de adultério, eu só me tinha dele o conforto que eu não tinha de Robert.
Até que um dia, o pior aconteceu.
Conseguiram sequestrar a mim e meus filhos. E aqueles cinco dias sob domínio daqueles monstros, são dias em que jamais vou esquecer. E que estão presentes sempre em meus pesadelos angustiantes.
Não vou conseguir falar detalhadamente o que aconteceu agora, mas... se meus filhos ainda estivessem comigo, tudo seria melhor.
Eles podiam ter atirado em mim. Eu era a culpada por tudo aquilo. Mas preferiram me matar de outra forma, da pior forma possível.
Essa foi sem dúvidas a fase mais difícil da minha vida. Tentei me matar quatro vezes. Mas se anjos da guarda existem, o meu com absoluta certeza era pós-graduado em suicídio. Aquelas ameaças e o medo, não eram nada comparadas ao que eu sentia no momento.
Robert só ficou comigo, porque ele sabia que se me deixasse sozinha, eu iria finalmente me matar. E ele também estava com medo e arrasado, também se sentia culpado, tentou ao máximo não dificultar as coisas para mim, me jogando qualquer tipo de culpa. Mas eu sabia que no fundo o que ele mais queria era descarregar toda a sua raiva em cima de mim, a verdadeira culpada. Ele então não saiu de casa, teria sido bem melhor para nós no final se ele tivesse saído, mas nele não saiu. Continuamos juntos e ao mesmo tempo separados, fizemos todos os tratamentos psicológicos necessários e comecei a tomar antidepressivos que me ajudaram bastante. Nossos amigos, parentes, colegas de trabalho tentaram nos ajudar nesse momento, mas nada conseguia acabar com a dor que sentíamos.
O problema maior veio depois de um tempo.
A minha sede de vingança.
Eles não conseguiram encontrar essas pessoas. Eles tinham matado os meus filhos! Eles tinham destruído a minha família e a minha vida! Eu não podia deixar isso assim, eu precisava fazer justiça. E se tivesse de ser com as minhas próprias mãos, seria.
Depois do que havia acontecido, eu e Richard nos afastamos por um tempo. Não foi ele quem decidiu isso, fui eu. Eu me sentia culpada em ter algum tipo de sentimento em relação a um homem agora. Sentia-me culpada por tudo. E não merecia ser reconfortada por ninguém.
Foi ai que eu decidi voltar a trabalhar e procurei Richard.
Se antes eu trabalhava compulsivamente em cima desse caso, nessa época eu cheguei ao extremo da obsessão.
Richard não queria mais trabalhar comigo. Ele queria apenas, ficar comigo e me consolar enquanto dividiríamos uma taça de champanhe na cama.
Disse à ele que se quisesse mesmo ficar comigo teria que me ajudar no trabalho. E o consolo e a diversão viriam depois.
Entenda que eu gostava dele, estava realmente apaixonada por ele, se minha vida estivesse normal, eu provavelmente já teria me separado do meu marido e me jogado nos braços dele. Mas a minha prioridade agora não era ter um bom amante comigo. Era encontrar os assassinos dos meus filhos.
Mas se você pudesse ter um detetive e um amante. Por que não, juntar o útil ao agradável?
Então começamos ter uma relação trabalho e sexo. Eu admito que não fui muito digna, e que era mesmo uma vadia, segundo Robert depois de ter descoberto sobre a gente. Mas pelo menos com a minha falta de moral, conseguimos colocar todos os integrantes da máfia na cadeia. E se você me perguntasse agora se havia me arrependido da traição, diria sem pensar duas vezes, que não.
A justiça foi feita.
Meu marido descobriu o adultério da forma mais cruel possível.
Nos separamos formalmente, destrutivelmente e horrivelmente.
E eu vim para Nova York, e aqui estou.
Talvez com esse resumo, você consiga compreender melhor o turbilhão de emoções que estão passando por mim, nesse exato momento.
-“Ajudar-me em que?” – Perguntei a Richard.
-“Não estão todos presos, Louise”. – Ele abaixo o tom de voz e olhar.
Eu dei uma risada nervosa, ele só podia estar brincando comigo.
-“Você pode estar com raiva de mim Richard, mas utilizar isso é muito baixo”.
-“Na verdade, foram eles que me mandaram sua exata localização em NY por e-mail”.
Eu estremeci. O inferno ainda não havia acabado.
-
Por Tatiane Galimberti
Capítulo Terceiro
Ver Richard depois de algum tempo, era no mínimo atordoante.
Quando pensei que já estivesse completamente curada de toda aquela coisa que um dia sentimos um pelo outro eu digo “coisa” porque não tenho um nome correto para denominar. Ele agora estava à minha frente, pronto para mexer completamente com as minhas emoções.
-“Quero que viaje comigo”. – Ele agora me encarava como se soubesse com extraordinária convicção o que era o certo para mim.
Dei uma risada forçada.
-“Viajar com você? Vai me levar a força? Devo chamar um advogado? Ah, espera... eu sou uma advogada”. – Eu ri ironicamente.
Ele também riu, mas a impaciência estava ficando evidente em seu rosto.
-“Você nunca me amou, não é?”. – Ele perguntou por fim.
“Não”. – Respondi.
-“Pelo menos agora eu sei, e não tenho que conviver com a incerteza de que fiz algo errado, para você ter fugido, você apenas me usou, muito inteligente da sua parte, na verdade”.
-“Bem, agora que você sabe, pode voltar para casa”. – Fui logo me preparando para se levantar da mesa, e finalizar o meu encontro por ali.
-“Ei, ei... espere. Ainda tenho notícias que te interessam”. – O garçom agora se aproximava novamente com uma garrafa de Whisky que provavelmente ele já tinha pedido antes mesmo de eu chegar.
-“Mesmo você tendo me usado esse tempo todo, sinto que ainda tenho que te ajudar”.
Engoli seco o que ele havia acabado de dizer.
Acho que não tem outro jeito, e você precisa saber de algumas coisas agora. Então vou tentar resumir ao máximo.
Quando era juíza em Seattle, sempre tive que lidar com todo o tipo de gente. Em alguns casos, tudo corria perfeitamente bem e dentro da lei. Em outros, nem tanto.
Eu havia condenado um poderoso chefão da máfia, como dizem... Para mim não passam de criaturas nojentas e repugnantes. Mas depois dessa condenação, minha vida começou a se tornar um verdadeiro inferno.
Eu era constantemente ameaçada com telefonemas, cartas, e-mails e nos mais diversos lugares. Eles pareciam me conhecer muito bem, e isso era assustador.
Eu digo “eles” porque eu tenho certeza que o grupo por trás disso, não era nada pequeno.
Meu carro já estava blindado, minha casa estava sendo vigiada por seguranças, meu marido e meus filhos foram privados de sair de casa, até mesmo de ir trabalhar e ir à escola.
Eu tive de forçar o meu marido a não ir trabalhar e isso acabaria com a vida de qualquer pessoa normal, até tentarem descobrir quem eram as pessoas por trás disso, o que gerou um problema enorme em nosso relacionamento.
Meu casamento já estava entrando em uma falência total. Na verdade eu me sentia a pior pessoa do mundo.
Por que meus dois filhos gêmeos de oito anos e meu marido tinham que sofrer as consequencias, por conta da carreira que eu resolvi seguir?
Ele não dizia isso em voz alta é claro, ele tinha um enorme respeito por mim por mais que estivesse zangado, mas era claro que ele estava começando a me odiar por aquela situação desesperadora. E isso não foi nem o começo.
Dois meses de restrições, procurando caminhos alternativos todos os dias para voltar para casa, passando noites em claro sem dormir e vendo meu marido se afastando cada vez mais de mim, até que tudo cessou.
Eu não sabia como havia parado. Mas todas aquelas ameaças haviam acabado.
Meu marido então, decidiu que já era hora de voltar ao trabalho e as crianças voltarem à escola.
Eu argumentei que poderia ser cedo demais. Eles poderiam estar blefando, justamente para nos pegarem desprevenidos, e eu tinha certeza que eles não iriam fazer nada comigo, porque era uma ideia estúpida, eles precisavam de mim para obter o que quisessem. Iriam em cima de alguém da minha família apenas para me atingir. E eu precisava protegê-los.
Mas Robert não me deu ouvidos.
Ele já estava cansado de ficar em casa e de se sentir impotente. Eu não tiro a razão dele. Mas o que mais eu poderia fazer em uma situação dessas?
Os investigadores já estavam fazendo o seu trabalho com enorme eficiência. Disso eu não podia reclamar.
E foi aí que conheci Richard.
Ele era o investigador que iria me ajudar no caso. E à medida que nos conhecemos nos tornamos grandes amigos. Passávamos grande parte do tempo juntos, trabalhando.
Eu precisava me certificar de que todas essas pessoas estariam presas, e assim eu poderia dormir tranquila, sabendo que a minha família estava segura.
E nessas alturas meu casamento já havia praticamente acabado. Só não estávamos com disposição de entrar naquela batalha judicial de divisão de bens. Mas tanto eu como ele sabíamos que não teria mais jeito, e quando esse caso terminasse, colocaríamos um fim naquilo.
O que mais me deixava triste, em relação ao divórcio era que ele com certeza iria pedir a guarda das crianças e iria conseguir. Eu não tinha como ficar com eles nessas circunstancias. E ele poderia utilizar isso contra mim e ganharia facilmente.
Outra coisa em relação ao divórcio que me deixava completamente arrasada, era o fato de que quando você está tanto tempo com alguém, nunca imagina que isso acabaria com tamanha indiferença. Ou pior, que acabaria.
As ameaças começaram a seguir um padrão. Primeiro elas tinham um período intenso, e depois elas cessavam.
Já fazia parte da minha vida receber um “Bom dia, vou te matar”.
Eles pareciam estar infiltrados dentro da minha mente. Não importava o quanto eu fugisse.
Mudamos-nos de casa, trocamos inúmeros celulares, telefones, computadores. No final de tudo, preferíamos evitar usar qualquer tecnologia que nos denunciasse. Mas eles sempre me encontravam.
Meu trabalho com Richard estava indo bem. Conseguíamos pistas valiosíssimas, mas sempre que estávamos perto de acabar logo com isso, sempre algo dava errado.
Eu tentava ao máximo dar tudo que os meus filhos precisavam. Eles eram a minha prioridade. Era só o que me importava, mas eu já estava entrando em desespero.
Nas poucas vezes em que eu chegava em casa, Robert mal falava comigo. Eu não tinha aonde encontrar qualquer tipo de conforto, me sentia completamente sozinha. Exceto por aqueles dois garotinhos. Ryan e Bryan.
Se eu consigo falar sobre eles, e até citar seus respectivos nomes hoje, é porque eu sou uma pessoa muito forte. Ou talvez meu ex marido estivesse certo, eu não tenho coração.
O fato é que eu estava desolada, e Richard estava sempre do meu lado, e acabamos nos apaixonando. Nessa época não fizemos nada, até porque eu não estava em clima de romance, muito menos de adultério, eu só me tinha dele o conforto que eu não tinha de Robert.
Até que um dia, o pior aconteceu.
Conseguiram sequestrar a mim e meus filhos. E aqueles cinco dias sob domínio daqueles monstros, são dias em que jamais vou esquecer. E que estão presentes sempre em meus pesadelos angustiantes.
Não vou conseguir falar detalhadamente o que aconteceu agora, mas... se meus filhos ainda estivessem comigo, tudo seria melhor.
Eles podiam ter atirado em mim. Eu era a culpada por tudo aquilo. Mas preferiram me matar de outra forma, da pior forma possível.
Essa foi sem dúvidas a fase mais difícil da minha vida. Tentei me matar quatro vezes. Mas se anjos da guarda existem, o meu com absoluta certeza era pós-graduado em suicídio. Aquelas ameaças e o medo, não eram nada comparadas ao que eu sentia no momento.
Robert só ficou comigo, porque ele sabia que se me deixasse sozinha, eu iria finalmente me matar. E ele também estava com medo e arrasado, também se sentia culpado, tentou ao máximo não dificultar as coisas para mim, me jogando qualquer tipo de culpa. Mas eu sabia que no fundo o que ele mais queria era descarregar toda a sua raiva em cima de mim, a verdadeira culpada. Ele então não saiu de casa, teria sido bem melhor para nós no final se ele tivesse saído, mas nele não saiu. Continuamos juntos e ao mesmo tempo separados, fizemos todos os tratamentos psicológicos necessários e comecei a tomar antidepressivos que me ajudaram bastante. Nossos amigos, parentes, colegas de trabalho tentaram nos ajudar nesse momento, mas nada conseguia acabar com a dor que sentíamos.
O problema maior veio depois de um tempo.
A minha sede de vingança.
Eles não conseguiram encontrar essas pessoas. Eles tinham matado os meus filhos! Eles tinham destruído a minha família e a minha vida! Eu não podia deixar isso assim, eu precisava fazer justiça. E se tivesse de ser com as minhas próprias mãos, seria.
Depois do que havia acontecido, eu e Richard nos afastamos por um tempo. Não foi ele quem decidiu isso, fui eu. Eu me sentia culpada em ter algum tipo de sentimento em relação a um homem agora. Sentia-me culpada por tudo. E não merecia ser reconfortada por ninguém.
Foi ai que eu decidi voltar a trabalhar e procurei Richard.
Se antes eu trabalhava compulsivamente em cima desse caso, nessa época eu cheguei ao extremo da obsessão.
Richard não queria mais trabalhar comigo. Ele queria apenas, ficar comigo e me consolar enquanto dividiríamos uma taça de champanhe na cama.
Disse à ele que se quisesse mesmo ficar comigo teria que me ajudar no trabalho. E o consolo e a diversão viriam depois.
Entenda que eu gostava dele, estava realmente apaixonada por ele, se minha vida estivesse normal, eu provavelmente já teria me separado do meu marido e me jogado nos braços dele. Mas a minha prioridade agora não era ter um bom amante comigo. Era encontrar os assassinos dos meus filhos.
Mas se você pudesse ter um detetive e um amante. Por que não, juntar o útil ao agradável?
Então começamos ter uma relação trabalho e sexo. Eu admito que não fui muito digna, e que era mesmo uma vadia, segundo Robert depois de ter descoberto sobre a gente. Mas pelo menos com a minha falta de moral, conseguimos colocar todos os integrantes da máfia na cadeia. E se você me perguntasse agora se havia me arrependido da traição, diria sem pensar duas vezes, que não.
A justiça foi feita.
Meu marido descobriu o adultério da forma mais cruel possível.
Nos separamos formalmente, destrutivelmente e horrivelmente.
E eu vim para Nova York, e aqui estou.
Talvez com esse resumo, você consiga compreender melhor o turbilhão de emoções que estão passando por mim, nesse exato momento.
-“Ajudar-me em que?” – Perguntei a Richard.
-“Não estão todos presos, Louise”. – Ele abaixo o tom de voz e olhar.
Eu dei uma risada nervosa, ele só podia estar brincando comigo.
-“Você pode estar com raiva de mim Richard, mas utilizar isso é muito baixo”.
-“Na verdade, foram eles que me mandaram sua exata localização em NY por e-mail”.
Eu estremeci. O inferno ainda não havia acabado.
Marcadores:
Entre saltos e armas,
Tatiane Galimberti
quinta-feira, 4 de novembro de 2010
Relatos de um Sobrevivente
Capítulo Segundo
A Fuga
Clique Aqui para ler o começo da história.
Clique Aqui para ler o capítulo anterior.
Quando nossos avós decidiram começar a construir essa comunidade, quase não existiam grupos como o nosso naqueles tempos.
O mundo em que eles viviam era uma maré de terror, as cidades já estavam sem lei havia séculos. Animais selvagens e humanos animalizados viviam em antigas lojas e casas, as ruas eram lugares perigosos, as cidades eram lugares perigosos, mas para os últimos de nossa espécie, aquele era nosso habitat. Simplesmente não conseguíamos viver nas florestas, apesar de alguns desgarrados terem conseguido, apenas nas selvas de pedra é que tentávamos nos organizar e viver como antigamente.
Eles tiveram uma idéia brilhante. Eram descendentes de soldados de uma antiga milícia, um destacamento de soldados, que, 300 anos atrás, quando as sociedades entrara em colapso, eram soldados do sistema, e se juntaram ao governo para tentar restituir esse sistema. Tendo o sonho de um dia recriar aquela ordem, decidiram montar um lugar onde aquilo que as pessoas precisavam pudesse ser encontrada: Segurança.
A coisa mais valiosa nos dias de hoje é exatamente isso, segurança. Descendentes de um sistema capitalista, foi exatamente isso que criaram. Delimitaram um espaço tiraram todo tipo de animal selvagem, desgarrados ou perigo que houvesse nas redondezas, e cobravam de pessoas comuns para poderem morar naquelas residências. Em anos difíceis, lucro fácil.
Cobravam o que? Trabalho. Para residir ali, era preciso saber fazer alguma coisa que fosse útil à eles, assim foram criando uma ordem em meio ao caos.Todos caçavam, cozinhavam, faziam ferramentas artesanais, e coisas do tipo, e em troca, eles davam proteção.
Sendo sobreviventes de um destacamento militar, tinham armas de fogo. No começo eles abusaram desse poder, e mataram centenas de homens e animais na região, criando um ódio generalizado por toda e qualquer criatura que morasse por perto.
Com o tempo, como era de se esperar, a munição foi acabando, as armas quebravam, laminas foram enferrujando, e aquela sociedade, lucrativa e poderosa, 100 anos depois, começava a entrar em colapso.
Por sorte, nesses 100 anos, aquela pequena sociedade cresceu, atingindo quase 3 mil habitantes, e tinha um efetivo militar de 300 jovens, que usavam armas de fabricação caseira, facas e instrumentos cortantes.
Não fosse pelo tamanho da comunidade que havíamos criado, o anarquismo que sobrevivia a nossa volta teria nos matado, roído nossos ossos e nos deixado para apodrecer nas pedras daquela cidade que morria. Que todos os Deuses que já existiram tenham piedade de nós.
Os descendentes desse poder, eram os chamados "Sete Senhores", os homens que eram sangue do sangue daqueles que haviam colonizado aquelas terras.
Nenhum deles sobreviveu ao massacre daquele dia.
Que suas almas descansem em paz.
-
Corri.
Corri com todas as forças que eu tinha para correr. Passei pela porta antes que os outros naquele quarto tivessem alguns segundos para processar a idéia de que nós, os mais poderosos da região havia 100 anos, estávamos sendo mortos.
Eu não fugia, pelo contrário, nem mesmo sabia para onde correr. Estava num estado de fúria. Furioso por aqueles homens que eu nem sabia quem eram, estarem matando aquelas pessoas que eram tão queridas para mim, furioso pelo fato de que tudo estava dando errado para mim naquela manhã, furioso por que não sabia onde a garota que eu amava estaria naquela hora, furioso por que nada estava dando certo.
Eu estava simplesmente furioso.
Atravessei a porta, corri por uma passagem, entrei num quarto e me atirei de uma janela. Um atirador estava atrás de um muro, 300 metros a frente, mas olhava n'outra direção. Saquei minha faca da bainha e corri pelos arbustos que Dona Carmen regava todos os dias pela manhã, junto de umas tulipas, das quais eu pisoteei. Nunca havia gostado daquelas flores mesmo.
Me joguei atrás de um poste e olhei novamente para o atirador. Ele vestia-se de preto, e tinha uma pistola na mão, uma bela faca de esfolar na bainha, junto de 3 cartuchos de munição e 2 granadas.
O sangue estava quente no meu corpo, em minhas veias circulava nada mais que adrenalina. Aqueles podiam ser os últimos segundos de minha vida.
Corri os últimos 50 metros até o homem. Para mim era como se passasse em câmera lenta. O soar dos tiros, meus pés tocando leves a relva, meu corpo cortando o vento a uma velocidade que nem mesmo eu sabia ser capaz de atingir.
Antes que eu percebesse, cheguei até ele. Não havia realmente pensado no que faria quando chegasse lá. Simplesmente me choquei, e quando percebi, estávamos tendo uma briga de vida ou morte enquanto rolávamos na terra.
Ele gritava palavras estranhas. Na verdade, o que me preocupava era o fato dele gritar. Aquilo iria atrair atenção para minha luta, e eu provavelmente tomaria algum tiro perdido.
Ele podia ter habilidade, mas eu era mais forte. Poucas pessoas eram mais fortes do que eu. Deslizei para cima dele e comecei a estrangula-lo. O homem começou a arranhar meus braços com suas unhas compridas, fazendo minha pele uma mistura de sangue, barro e grama.
Aquele grito estava me deixando louco.
Me cansei e enfiei minha mão suja de terra e sangue na boca dele, comecei a estrangula-lo e sufoca-lo ao mesmo tempo. Ele fez uma última tentativa desesperada de me arrancar do chão, mas não conseguiu e suas força sumiram logo em seguida.
Descansei por alguns segundos. Respirei e olhei para o rosto dele. Jovem como eu. Que pena.
Peguei as granadas, a arma e aquela faca. Achei ainda um isqueiro e um maço de cigarros, eu não via cigarros industrializados desde que um vendedor ambulante havia aparecido em nossa comunidade 5 anos antes. Na época, ele ofereceu 5 daquelas coisinhas exóticas em troca de uma das nossas mulheres. Um dos senhores pensou, conversou com os outros, e no fim, eles trocaram uma garota de uns 13 anos, uma mulher e um belo leitão por 10 cigarros, que os senhores fumaram alguns dias depois numa grande festa, muito alegre e divertida se bem me recordo, exceto, é claro, para a família que perdeu uma mãe e uma filha.
Enfiei aquilo tudo nos bolsos, prendi a faca no meu cinto, me escondi numa árvore e dei uma olhada na situação.
A rua principal era impossível. Corpos de pelo menos 15 conhecidos meus estavam jogados ali sem vida. As ruas paralelas iam sendo tomadas uma a uma. Nos telhados, atiradores em todas as direções. Foi então que uma brilhante idéia veio a minha mente:
Esgotos.
Era neles que, nos tempos onde nossas defesas não eram lá tão grandes, exceto pelas armas de fogo, que todos se escondiam nos momentos de perigo.
Por sorte um dos buracos estava ali alguns metros de mim. Arranquei com dificuldade a tampa e desci.
Era um lugar apertado, cabendo no máximo 2 homens abaixados, um ao lado do outro. Fiz uma planta da região em minha mente, e fui me arrastando.
Para onde? Era exatamente isso que me atormentava. Nosso "quartel general", uma antiga loja grande, era para onde todos iam quando haviam problemas e quando havia algo a comemorar. Lá deveria estar boa parte da cidade, e lá deveria morrer a maioria também.
O ataque veio do oeste, e vinha progredindo rápido em direção contrária. Com os tiros, as pessoas percebiam o perigo, e iam todas para o quartel. Como este ficava no centro, provavelmente ele já estava cercado. A unica resistência que poderiam fazer de lá, era usar algum dos fogos de artíficio antigos ou, com sorte alguma arma que tivessem roubado.
Os senhores deveriam estar fugindo pelos esgotos, e logo seriam seguidos pelo restante das pessoas. O problema é que era difícil se locomover naquele pequeno espaço. Na melhor das hipóteses haviam 800 pessoas no quartel. Talvez vinte, com sorte quarenta pessoas conseguissem fugir antes que os fogos, pedras, e seja lá o que eles arrumassem para tacar nos agressores acabasse, e então os malditos revidassem.
Seria uma carnificina.
Eu precisava salvar minha garota. Camila estava comigo já tinha quase um ano. Apesar de no começo eu não gostar realmente dela, havíamos aprendido a nos amar.
Ela era uma das meninas mais lindas da comunidade, tendo cabelos castanhos e lindos olhos azuis. Eu, o melhor dos recrutas, tendo passado de aspira, para soldado, para cabo e para sargento com pouco mais de 2 anos militando. O que a maioria fazia em dez, eu havia feito com dois, era o par ideal para ela.
Não vou mentir, eu havia começado com ela por sexo e status. Fazia parte. Era o meu show. O melhor tinha que ter o melhor.
Mas meu maldito coração havia começado a gostar dela, e eu não podia mais imaginar minha vida sem aqueles lindos olhos me encarando, ou aquelas mãos brancas e geladas acariciando meu peito nú nas noites sem luar.
Minha maldita consciência me fazendo abandonar tudo para ir salvar aquela garota. Eu rí. Podia ir salvar meus pais, algum grande amigo ou mesmo o maior numero de pessoas possível, mas corria atrás de uma leitoa com peitos. Maldito homem do qual eu havia me tornado.
Foi para próximo a casa dela que me arrastei. Saí do bueiro sujo de lama, excrementos e sangue. Atravessei (por sorte) um pequeno rio que cruzava nossa comunidade e tirei parte da sujeira. Não toda, claro, o riacho era raso, e além do mais, de algum lugar acima vinha descendo uma corrente de sangue, sujando a agua. Era melhor chegar para ela como um príncipe encantado vindo para a salvação, do que como um mendigo fedendo a merda.
Comecei a lembrar dos momentos que já havíamos passado juntos. Do dia em que levei ela até o topo de um prédio, e mostrei toda a cidade. Contei sobre as histórias que meu avô me contava, falando a ela de como aquele mundo fora movimentado, cheio de gritos, alegrias e risos. Das TV's, rádios, dos carros e dos aviões. Claro que dos aviões ela não acreditou, até eu duvidava um pouco daquilo.
Havíamos subido no alto edifício, e lá pedi ela em namoro. Ela sorriu e subiu em cima de mim, e fizemos amor aos pés de um mundo perdido.
Entrei na casa e subi um lance de escadas, estava mais calmo, pensando nela, e já ia me esquecendo dos problemas, era como se eu fosse entrar, e ela sorria para mim e todos os problemas fossem desaparecer. A paz que só ela era capaz de me proporcionar.
Coloquei a mão na maçaneta da porta e ouvi um grito, era ela.
Se alguém colocasse as mãos... argh! Jurei que iria se arrepender profundamente.
Respirei fundo,
E entrei.
E o mundo continuou conspirando contra o meu dia.
Maldito dia, maldito dia.
A Fuga
Clique Aqui para ler o começo da história.
Clique Aqui para ler o capítulo anterior.
Quando nossos avós decidiram começar a construir essa comunidade, quase não existiam grupos como o nosso naqueles tempos.
O mundo em que eles viviam era uma maré de terror, as cidades já estavam sem lei havia séculos. Animais selvagens e humanos animalizados viviam em antigas lojas e casas, as ruas eram lugares perigosos, as cidades eram lugares perigosos, mas para os últimos de nossa espécie, aquele era nosso habitat. Simplesmente não conseguíamos viver nas florestas, apesar de alguns desgarrados terem conseguido, apenas nas selvas de pedra é que tentávamos nos organizar e viver como antigamente.
Eles tiveram uma idéia brilhante. Eram descendentes de soldados de uma antiga milícia, um destacamento de soldados, que, 300 anos atrás, quando as sociedades entrara em colapso, eram soldados do sistema, e se juntaram ao governo para tentar restituir esse sistema. Tendo o sonho de um dia recriar aquela ordem, decidiram montar um lugar onde aquilo que as pessoas precisavam pudesse ser encontrada: Segurança.
A coisa mais valiosa nos dias de hoje é exatamente isso, segurança. Descendentes de um sistema capitalista, foi exatamente isso que criaram. Delimitaram um espaço tiraram todo tipo de animal selvagem, desgarrados ou perigo que houvesse nas redondezas, e cobravam de pessoas comuns para poderem morar naquelas residências. Em anos difíceis, lucro fácil.
Cobravam o que? Trabalho. Para residir ali, era preciso saber fazer alguma coisa que fosse útil à eles, assim foram criando uma ordem em meio ao caos.Todos caçavam, cozinhavam, faziam ferramentas artesanais, e coisas do tipo, e em troca, eles davam proteção.
Sendo sobreviventes de um destacamento militar, tinham armas de fogo. No começo eles abusaram desse poder, e mataram centenas de homens e animais na região, criando um ódio generalizado por toda e qualquer criatura que morasse por perto.
Com o tempo, como era de se esperar, a munição foi acabando, as armas quebravam, laminas foram enferrujando, e aquela sociedade, lucrativa e poderosa, 100 anos depois, começava a entrar em colapso.
Por sorte, nesses 100 anos, aquela pequena sociedade cresceu, atingindo quase 3 mil habitantes, e tinha um efetivo militar de 300 jovens, que usavam armas de fabricação caseira, facas e instrumentos cortantes.
Não fosse pelo tamanho da comunidade que havíamos criado, o anarquismo que sobrevivia a nossa volta teria nos matado, roído nossos ossos e nos deixado para apodrecer nas pedras daquela cidade que morria. Que todos os Deuses que já existiram tenham piedade de nós.
Os descendentes desse poder, eram os chamados "Sete Senhores", os homens que eram sangue do sangue daqueles que haviam colonizado aquelas terras.
Nenhum deles sobreviveu ao massacre daquele dia.
Que suas almas descansem em paz.
-
Corri.
Corri com todas as forças que eu tinha para correr. Passei pela porta antes que os outros naquele quarto tivessem alguns segundos para processar a idéia de que nós, os mais poderosos da região havia 100 anos, estávamos sendo mortos.
Eu não fugia, pelo contrário, nem mesmo sabia para onde correr. Estava num estado de fúria. Furioso por aqueles homens que eu nem sabia quem eram, estarem matando aquelas pessoas que eram tão queridas para mim, furioso pelo fato de que tudo estava dando errado para mim naquela manhã, furioso por que não sabia onde a garota que eu amava estaria naquela hora, furioso por que nada estava dando certo.
Eu estava simplesmente furioso.
Atravessei a porta, corri por uma passagem, entrei num quarto e me atirei de uma janela. Um atirador estava atrás de um muro, 300 metros a frente, mas olhava n'outra direção. Saquei minha faca da bainha e corri pelos arbustos que Dona Carmen regava todos os dias pela manhã, junto de umas tulipas, das quais eu pisoteei. Nunca havia gostado daquelas flores mesmo.
Me joguei atrás de um poste e olhei novamente para o atirador. Ele vestia-se de preto, e tinha uma pistola na mão, uma bela faca de esfolar na bainha, junto de 3 cartuchos de munição e 2 granadas.
O sangue estava quente no meu corpo, em minhas veias circulava nada mais que adrenalina. Aqueles podiam ser os últimos segundos de minha vida.
Corri os últimos 50 metros até o homem. Para mim era como se passasse em câmera lenta. O soar dos tiros, meus pés tocando leves a relva, meu corpo cortando o vento a uma velocidade que nem mesmo eu sabia ser capaz de atingir.
Antes que eu percebesse, cheguei até ele. Não havia realmente pensado no que faria quando chegasse lá. Simplesmente me choquei, e quando percebi, estávamos tendo uma briga de vida ou morte enquanto rolávamos na terra.
Ele gritava palavras estranhas. Na verdade, o que me preocupava era o fato dele gritar. Aquilo iria atrair atenção para minha luta, e eu provavelmente tomaria algum tiro perdido.
Ele podia ter habilidade, mas eu era mais forte. Poucas pessoas eram mais fortes do que eu. Deslizei para cima dele e comecei a estrangula-lo. O homem começou a arranhar meus braços com suas unhas compridas, fazendo minha pele uma mistura de sangue, barro e grama.
Aquele grito estava me deixando louco.
Me cansei e enfiei minha mão suja de terra e sangue na boca dele, comecei a estrangula-lo e sufoca-lo ao mesmo tempo. Ele fez uma última tentativa desesperada de me arrancar do chão, mas não conseguiu e suas força sumiram logo em seguida.
Descansei por alguns segundos. Respirei e olhei para o rosto dele. Jovem como eu. Que pena.
Peguei as granadas, a arma e aquela faca. Achei ainda um isqueiro e um maço de cigarros, eu não via cigarros industrializados desde que um vendedor ambulante havia aparecido em nossa comunidade 5 anos antes. Na época, ele ofereceu 5 daquelas coisinhas exóticas em troca de uma das nossas mulheres. Um dos senhores pensou, conversou com os outros, e no fim, eles trocaram uma garota de uns 13 anos, uma mulher e um belo leitão por 10 cigarros, que os senhores fumaram alguns dias depois numa grande festa, muito alegre e divertida se bem me recordo, exceto, é claro, para a família que perdeu uma mãe e uma filha.
Enfiei aquilo tudo nos bolsos, prendi a faca no meu cinto, me escondi numa árvore e dei uma olhada na situação.
A rua principal era impossível. Corpos de pelo menos 15 conhecidos meus estavam jogados ali sem vida. As ruas paralelas iam sendo tomadas uma a uma. Nos telhados, atiradores em todas as direções. Foi então que uma brilhante idéia veio a minha mente:
Esgotos.
Era neles que, nos tempos onde nossas defesas não eram lá tão grandes, exceto pelas armas de fogo, que todos se escondiam nos momentos de perigo.
Por sorte um dos buracos estava ali alguns metros de mim. Arranquei com dificuldade a tampa e desci.
Era um lugar apertado, cabendo no máximo 2 homens abaixados, um ao lado do outro. Fiz uma planta da região em minha mente, e fui me arrastando.
Para onde? Era exatamente isso que me atormentava. Nosso "quartel general", uma antiga loja grande, era para onde todos iam quando haviam problemas e quando havia algo a comemorar. Lá deveria estar boa parte da cidade, e lá deveria morrer a maioria também.
O ataque veio do oeste, e vinha progredindo rápido em direção contrária. Com os tiros, as pessoas percebiam o perigo, e iam todas para o quartel. Como este ficava no centro, provavelmente ele já estava cercado. A unica resistência que poderiam fazer de lá, era usar algum dos fogos de artíficio antigos ou, com sorte alguma arma que tivessem roubado.
Os senhores deveriam estar fugindo pelos esgotos, e logo seriam seguidos pelo restante das pessoas. O problema é que era difícil se locomover naquele pequeno espaço. Na melhor das hipóteses haviam 800 pessoas no quartel. Talvez vinte, com sorte quarenta pessoas conseguissem fugir antes que os fogos, pedras, e seja lá o que eles arrumassem para tacar nos agressores acabasse, e então os malditos revidassem.
Seria uma carnificina.
Eu precisava salvar minha garota. Camila estava comigo já tinha quase um ano. Apesar de no começo eu não gostar realmente dela, havíamos aprendido a nos amar.
Ela era uma das meninas mais lindas da comunidade, tendo cabelos castanhos e lindos olhos azuis. Eu, o melhor dos recrutas, tendo passado de aspira, para soldado, para cabo e para sargento com pouco mais de 2 anos militando. O que a maioria fazia em dez, eu havia feito com dois, era o par ideal para ela.
Não vou mentir, eu havia começado com ela por sexo e status. Fazia parte. Era o meu show. O melhor tinha que ter o melhor.
Mas meu maldito coração havia começado a gostar dela, e eu não podia mais imaginar minha vida sem aqueles lindos olhos me encarando, ou aquelas mãos brancas e geladas acariciando meu peito nú nas noites sem luar.
Minha maldita consciência me fazendo abandonar tudo para ir salvar aquela garota. Eu rí. Podia ir salvar meus pais, algum grande amigo ou mesmo o maior numero de pessoas possível, mas corria atrás de uma leitoa com peitos. Maldito homem do qual eu havia me tornado.
Foi para próximo a casa dela que me arrastei. Saí do bueiro sujo de lama, excrementos e sangue. Atravessei (por sorte) um pequeno rio que cruzava nossa comunidade e tirei parte da sujeira. Não toda, claro, o riacho era raso, e além do mais, de algum lugar acima vinha descendo uma corrente de sangue, sujando a agua. Era melhor chegar para ela como um príncipe encantado vindo para a salvação, do que como um mendigo fedendo a merda.
Comecei a lembrar dos momentos que já havíamos passado juntos. Do dia em que levei ela até o topo de um prédio, e mostrei toda a cidade. Contei sobre as histórias que meu avô me contava, falando a ela de como aquele mundo fora movimentado, cheio de gritos, alegrias e risos. Das TV's, rádios, dos carros e dos aviões. Claro que dos aviões ela não acreditou, até eu duvidava um pouco daquilo.
Havíamos subido no alto edifício, e lá pedi ela em namoro. Ela sorriu e subiu em cima de mim, e fizemos amor aos pés de um mundo perdido.
Entrei na casa e subi um lance de escadas, estava mais calmo, pensando nela, e já ia me esquecendo dos problemas, era como se eu fosse entrar, e ela sorria para mim e todos os problemas fossem desaparecer. A paz que só ela era capaz de me proporcionar.
Coloquei a mão na maçaneta da porta e ouvi um grito, era ela.
Se alguém colocasse as mãos... argh! Jurei que iria se arrepender profundamente.
Respirei fundo,
E entrei.
E o mundo continuou conspirando contra o meu dia.
Maldito dia, maldito dia.
Game Over
Uma coisa que atormenta muita gente é a morte. A idéia de um dia deixar essa vida para entrar numa melhor (ou pior) faz muita gente se borrar de medo.
Muitas vezes fui questionado por ser ateu, as pessoas constantemente me perguntam "Mas para onde você acha que vai quando morrer?" ou "Como você consegue viver acreditando que não há nada depois da morte?".
Bom, é de se supor que a grande maioria das pessoas não conheça o pensamento ateísta, por três motivos. 1) existem uma quantidade bem pequena de ateus. 2) Os poucos que existem sofrem fortes preconceitos dos religiosos. 3) Existem centenas de tipos diferentes de ateus, logo, conhecer um não é conhecer todos.
Pois bem, não vou dizer como todos pensam, mas posso dizer como a maioria pensa.
É de se observar que ambas as perguntas já vem carregadas de medo e insegurança. Elas passam uma idéia de "tenho medo da morte, você não?"
Sobre medo da morte, sim, todos nós, em algum momento de nossas vidas, seja na infância, seja na velhice, todos uma hora teremos medo da morte.
Mas, se você parar para pensar (sei que sua religião é contra esse verbo), não há por que ter medo da morte.
As coisas possuem começo, meio, e final. É assim que segue a dinâmica do universo. Você planta, o vegetal cresce, e depois morre. É simples, tudo há de ter começo meio e fim. Duvida? Elimine sua idéia de "vida após a morte", e verá que, objetos, animais, viagens, problemas, vitórias, sexo, temporadas de notas baixas na escola.... tudo, repito, tudo, possui um começo, um meio, e um final.
"Mas se nós vivemos, morremos, e tudo acabou, qual o sentido da vida?"
A filosofia trabalha com essa pergunta por séculos, por isso vou te mostrar algumas maneiras simples de encarar essa questão.
A primeira delas é que você é nada mais que um emprestimo. Você é um empréstimo da natureza. Você é o que você come, você é particulas, atomos, sistemas... Você é comida.
Quando você nasceu, o sistema de sua mãe, juntou centenas de moleculas e formou você. Encare isso como um quebra cabeças. Sua mãe juntou centenas de partes de um quebra cabeças brotou você. Um pequeno quebra-cabeças incompleto
Então você passou a vida inteira se completando, há horas em que você rouba peças dos outros, há horas em que você perde peças para os outros, há horas em que você simplesmente joga algumas peças foras por não se encaixarem mais... é a vida.
Até que chega um momento, em que você morre, e descobre que todas essas peças não eram suas, elas pertencem a todos. Agora você vai ter que devolver suas peças para que outras pessoas continuem brincando com elas.
O método de "sentido da vida" mais aceito pela filosofia, é o "A vida tem o sentido que você der a ela." Ou seja, se você resolver que o sentido de sua vida é Deus, você viverá, respirará, e fará tudo em função de Deus. Se você decidir que o sentido de sua vida é fazer sexo, você parassará cada segundo, dia, ano, cada minuto do seu tempo, pensando agindo e investindo unicamente em sexo.
Ou seja, quem dá sentido a sua vida, é você mesmo
O método mais simples, e mais difícil de engolir, "A vida não tem sentido, por que haveria de ter? Só para satisfazer um vazio emocional seu? Você é nada mais que um saco de ossos reprodutor, sua função como animal é preservar a espécie, então trate de ser um bom ser humano, e fazer muitos filhos, e quando não puder ter mais filhos, trate de morrer logo, para ocupar menos espaço."
Viu como é simples? Apenas faça sexo!
Ok, temos agora um sentido para a vida, ou talvez tenhamos descoberto que a vida não tem sentido, isso é um pequeno passo para digerir a informação de que, um dia, nós vamos virar nada mais nada menos que comida de minhoca.
Vamos a um fator pscicológico então. Você tem certeza de duas coisas. 1) Você vai morrer. 2) A unica vida que você tem certeza que você tem é esta. Logo, cada segundo que você passa pensando em quando você estiver morto, é menos um segundo que você aproveita o seu tempo no mundo dos vivos.
Logo, ficar pensando na morte não te dá resultados. Por mais que você se alimente bem, siga tudo que os cientistas mais inteligentes disserem, tome todos os seus remedinhos, e garanta para que, quando você não puder mais usar seu rim, haja um rim mecânico para você, quando não puder mais usar a bexiga, haja uma bexiga mecânica para você, quando não conseguir mais usar seu coração ou seu pulmão, hajam máquinas que façam o trabalho deles para você, quando não conseguir mais pensar, haja algo que pense para você, e talvez eles até criem máquinas que façam sexo para você, e quando você der por sí... parabéns!, você tem 154 anos, e tem tubos entrando por todos os orifícios do seu corpo.
Mesmo que você siga todos os passos que a ciência tem para prolongar a sua vida, e no fim dela, haja tubos enfiados até no seu ânus, uma hora meu amigo, por mais triste que seja, você vai ter que bater as botas.
Bom, estabelecido um inicio e um final, e estabelecido que esse inicio e esse final são inevitáveis e pouco prorrogáveis, o melhor que você pode fazer é: Aproveitar os meios.
Aproveite sua vida! Faça amigos, escale uma montanha, ande de moto, pule de asa-delta, pule de para-quedas, pule de bungee-jumping, se comprometa a fazer uma loucura a cada dia, beije, faça sexo, visite o site pudim.com, sorria, toque um instrumento musical bizarro, dance, dance na chuva, grite, seja você mesmo, seja sensato, seja feliz! (e entre em todos esses link's.)
Se você sabe que vai morrer, faça de tudo para que, antes dessa morte, você tenha feito tudo que quis fazer na vida, comprido todos os seus objetivos, feito todas as suas loucuras, alcançado todas as suas metas.(e se você conseguir, me diga como).
Não se esqueça também, que, como Bob Marley disse, "Se você segue todas as regras, acaba perdendo a diversão."
Então esqueça as regras, vive segundo a suas regras, e quando puder, quebre suas próprias regras, mas saiba distinguir o certo e o errado com bom senso (:
Para finalizar com chave de ouro este Post, segue um pequeno poema, que aparece no filme "Sociedade dos Poetas Mortos", um filme que, apesar do título pouco convidativo, é um dos melhores que já vi na vida. Recomendo.
Muitas vezes fui questionado por ser ateu, as pessoas constantemente me perguntam "Mas para onde você acha que vai quando morrer?" ou "Como você consegue viver acreditando que não há nada depois da morte?".
Bom, é de se supor que a grande maioria das pessoas não conheça o pensamento ateísta, por três motivos. 1) existem uma quantidade bem pequena de ateus. 2) Os poucos que existem sofrem fortes preconceitos dos religiosos. 3) Existem centenas de tipos diferentes de ateus, logo, conhecer um não é conhecer todos.
Pois bem, não vou dizer como todos pensam, mas posso dizer como a maioria pensa.
É de se observar que ambas as perguntas já vem carregadas de medo e insegurança. Elas passam uma idéia de "tenho medo da morte, você não?"
Sobre medo da morte, sim, todos nós, em algum momento de nossas vidas, seja na infância, seja na velhice, todos uma hora teremos medo da morte.
Mas, se você parar para pensar (sei que sua religião é contra esse verbo), não há por que ter medo da morte.
As coisas possuem começo, meio, e final. É assim que segue a dinâmica do universo. Você planta, o vegetal cresce, e depois morre. É simples, tudo há de ter começo meio e fim. Duvida? Elimine sua idéia de "vida após a morte", e verá que, objetos, animais, viagens, problemas, vitórias, sexo, temporadas de notas baixas na escola.... tudo, repito, tudo, possui um começo, um meio, e um final.
"Mas se nós vivemos, morremos, e tudo acabou, qual o sentido da vida?"
A filosofia trabalha com essa pergunta por séculos, por isso vou te mostrar algumas maneiras simples de encarar essa questão.
A primeira delas é que você é nada mais que um emprestimo. Você é um empréstimo da natureza. Você é o que você come, você é particulas, atomos, sistemas... Você é comida.
Quando você nasceu, o sistema de sua mãe, juntou centenas de moleculas e formou você. Encare isso como um quebra cabeças. Sua mãe juntou centenas de partes de um quebra cabeças brotou você. Um pequeno quebra-cabeças incompleto
Então você passou a vida inteira se completando, há horas em que você rouba peças dos outros, há horas em que você perde peças para os outros, há horas em que você simplesmente joga algumas peças foras por não se encaixarem mais... é a vida.
Até que chega um momento, em que você morre, e descobre que todas essas peças não eram suas, elas pertencem a todos. Agora você vai ter que devolver suas peças para que outras pessoas continuem brincando com elas.
O método de "sentido da vida" mais aceito pela filosofia, é o "A vida tem o sentido que você der a ela." Ou seja, se você resolver que o sentido de sua vida é Deus, você viverá, respirará, e fará tudo em função de Deus. Se você decidir que o sentido de sua vida é fazer sexo, você parassará cada segundo, dia, ano, cada minuto do seu tempo, pensando agindo e investindo unicamente em sexo.
Ou seja, quem dá sentido a sua vida, é você mesmo
O método mais simples, e mais difícil de engolir, "A vida não tem sentido, por que haveria de ter? Só para satisfazer um vazio emocional seu? Você é nada mais que um saco de ossos reprodutor, sua função como animal é preservar a espécie, então trate de ser um bom ser humano, e fazer muitos filhos, e quando não puder ter mais filhos, trate de morrer logo, para ocupar menos espaço."
Viu como é simples? Apenas faça sexo!
Ok, temos agora um sentido para a vida, ou talvez tenhamos descoberto que a vida não tem sentido, isso é um pequeno passo para digerir a informação de que, um dia, nós vamos virar nada mais nada menos que comida de minhoca.
Vamos a um fator pscicológico então. Você tem certeza de duas coisas. 1) Você vai morrer. 2) A unica vida que você tem certeza que você tem é esta. Logo, cada segundo que você passa pensando em quando você estiver morto, é menos um segundo que você aproveita o seu tempo no mundo dos vivos.
Logo, ficar pensando na morte não te dá resultados. Por mais que você se alimente bem, siga tudo que os cientistas mais inteligentes disserem, tome todos os seus remedinhos, e garanta para que, quando você não puder mais usar seu rim, haja um rim mecânico para você, quando não puder mais usar a bexiga, haja uma bexiga mecânica para você, quando não conseguir mais usar seu coração ou seu pulmão, hajam máquinas que façam o trabalho deles para você, quando não conseguir mais pensar, haja algo que pense para você, e talvez eles até criem máquinas que façam sexo para você, e quando você der por sí... parabéns!, você tem 154 anos, e tem tubos entrando por todos os orifícios do seu corpo.
Mesmo que você siga todos os passos que a ciência tem para prolongar a sua vida, e no fim dela, haja tubos enfiados até no seu ânus, uma hora meu amigo, por mais triste que seja, você vai ter que bater as botas.
Bom, estabelecido um inicio e um final, e estabelecido que esse inicio e esse final são inevitáveis e pouco prorrogáveis, o melhor que você pode fazer é: Aproveitar os meios.
Aproveite sua vida! Faça amigos, escale uma montanha, ande de moto, pule de asa-delta, pule de para-quedas, pule de bungee-jumping, se comprometa a fazer uma loucura a cada dia, beije, faça sexo, visite o site pudim.com, sorria, toque um instrumento musical bizarro, dance, dance na chuva, grite, seja você mesmo, seja sensato, seja feliz! (e entre em todos esses link's.)
Se você sabe que vai morrer, faça de tudo para que, antes dessa morte, você tenha feito tudo que quis fazer na vida, comprido todos os seus objetivos, feito todas as suas loucuras, alcançado todas as suas metas.(e se você conseguir, me diga como).
Não se esqueça também, que, como Bob Marley disse, "Se você segue todas as regras, acaba perdendo a diversão."
Então esqueça as regras, vive segundo a suas regras, e quando puder, quebre suas próprias regras, mas saiba distinguir o certo e o errado com bom senso (:
Para finalizar com chave de ouro este Post, segue um pequeno poema, que aparece no filme "Sociedade dos Poetas Mortos", um filme que, apesar do título pouco convidativo, é um dos melhores que já vi na vida. Recomendo.
Fui para os bosques
viver de livre vontade.
Para sugar
todo o tutano da vida...
Para aniquilar
tudo o que não era vida...
E para, quando morrer,
não descobrir que não vivi.
-
Carpe Diem
"E para quando morrer, não descobrir que não viví" - Pense nisso
terça-feira, 2 de novembro de 2010
Relatos de um Sobrevivente
Capitulo Primeiro
Clique aqui para ler o começo da história
O Estranho
Clique aqui para ler o começo da história
Entrei pela porta ainda chocado com o que haviam me dito, toquei minha faca na bainha para dar boa sorte, limpei o suor da testa, e com meus olhos castanhos eu o encarei.
Ele estava sentado e amarrado numa cadeira, numa sala vazia, onde estávamos apenas eu, ele, e outros 2 jovens recrutas que eu mesmo havia treinado.
_Quem é você?
Sua resposta foi um amontoado de grasnados irreconhecíveis.
_Ele não fala nossa língua senhor. -Respondeu um dos aspirantes.
O outro me estendeu um pedaço de pano, que escondia algum artefato por baixo, peguei e abri. Fiquei atônito.
_ Estava portando isso senhor, encontramos ele vagando por uma das grandes avenidas gritando como se estivesse perdido, nossos homens o surpreenderam, mas ele a usou contra nós. O aspirante Peixoto foi gravemente ferido, e já está aos cuidados dos médicos.
Eu não podia crer. Ali em minhas mãos se encontrava um legítimo revólver Magnum .357, preto de acabamentos em madeira, e funcional! Não havia mais fábricas de armas de fogo a quase 500 anos, e as últimas munições e armas usáveis não eram vistas desde os tempos do meu avô, tudo que tinhamos em nossa comunidade eram algumas armas caseiras, que causavam poucos danos, e alguns fogos de artifício, que talvez nem funcionassem mais, mas ali na minha frente, estava algo que provava o contrário.
Eu precisava descobrir de onde aquele forasteiro vinha, ter aquele tipo de arsenal era simplesmente nunca mais ser incomodado por nenhum clã, tribo, comunidade ou agrupamento de pessoas. Era simplesmente poder.
Eu olhei para o forasteiro. Loiro, de cabelos lisos e olhos esverdeados, e me encaravam com raiva. Não era para menos. Eu dei ordens para deixarem-no em paz, mas depois de atirar em um dos aspirantes, ele foi espancado, trazido a força e amarrado brutalmente naquela cadeira. Uma veia de sangue escorria de uma de suas sombrancelhas descendo pela face, e seu rosto estava desfigurado de hematomas roxas. Não fosse por todos aqueles ferimentos, ele seria um homem bonito. Talvez o mais bonito que eu já tivesse visto.
_Vocês têm alguma idéia de que língua ele está falando?
_Não é nenhuma língua latina senhor, caso fosse talvez tivéssemos conseguido entender em partes, também não é inglês, já que algumas pessoas dentre nós sabe falar, e eu tive algumas aulas quando criança, apesar de não ter aprendido muitas coisas. Eu achava aquilo extremamente chato. Pra que aprender línguas que já morreram? A nossa própria já está quase morta mesmo.
_Cuidado com o que fala perto de mim aspirante.
_Desculpe senhor, mas como eu estava dizendo, não é nenhum desses dialetos comuns que conhecemos. Mas existe um homem, se bem me lembro, junto dos que moram na antiga estação, que sabia falar pelo menos 8 dialetos. Mas é loucura ir atrás dele. Você bem sabe o que aqueles monstros são capazes de fazer.
Dei uma risada.
_Sim, eu sei, mas é a unica forma de descobrimos o que esse garoto tem para nos contar. Vou falar com o Capitão Cortez, e talvez encontremos uma boa solução para isso.
Virei as costas e deixei os dois aos cuidados do desconhecido.
Sai daquela sala e andei por um corredor, uma tocha presa por um suporte de madeira já estava acabando, deixando o ambiente meio assustador. Eu ri. Do alto dos meus vinte poucos anos, eu já havia visto coisas muito piores que um pouco de escuro.
Desci um lance de escadas e sai da casa. Olhei para as ruas e dei um suspiro.
Não éramos o mundo que havíamos sido no passado. Não havia mais eletricidade, tínhamos que pegar água nos pontos onde antigos canos não haviam entupido ou quebrado, já não construíamos mais nada, apenas vivíamos nas antigas construções de outrora.
Mas aquela nossa comunidade era um dos poucos pontos que ainda parecia civilizado. As casas tinham manchas pretas com o tempo, sim, e algumas agora eram apenas amontoados de pedras, mas nós conseguimos criar um pouco de ordem. Foram nossos avós que se juntaram e começaram aquilo. Primeiro segurança, depois disciplina, e por fim, ordem. Naturalmente pessoas foram ouvindo falar de um lugar onde era possível viver em paz, sem ter medo de ser comido por feras em qualquer noite sem luar. E quando digo feras, falo tanto de homens como animais. Ou o que restou de homens.
Mandei um soldado que estava de sentinela chamar Cortez. Ele prestou continência e saiu as pressas, e logo chegou o capitão. Era um homem alto e robusto, de metro e noventa. Sorriso largo e fácil, que dava tapas em nossas costas e ria enlouquecidamente enquanto bebia sua grande caneca de cerveja. É interessante como a filosofia e os bons costumes podem ter se perdido com o tempo, mas o ser humano de alguma forma jamais se esqueceu de como se fabrica cerveja. Algumas coisas talvez nunca mudem.
Cortez chegou rápido, com seus passos largos, e me perguntou o que era com sua calma costumeira. Entreguei para ele a arma. Ele ficou sério.
_Então, é verdade?
_Sim senhor.
_Pensei que fosse. Mas nunca acreditei que fosse ver uma dessas na minha frente, muito menos pegar.
_Ele também tinha outras 40 munições numa mochila, além de uma faca de esfolar, comida e algumas fotos.
_Pois bem, vamos ver quem é esse sujeito excêntrico que anda tirando a paz da nossa comunidade.
Entramos novamente na casa, falei sobre minhas idéias e meus pensamentos para o capitão, que ia respondendo de forma curta, e sempre com os olhos fixos na arma. Eu falava mais para mim, que para ele, ia juntando os fatos, pensando se havia esquecido alguma coisa, algo de importante.
Ele me entregou a arma quando entramos e olhou para o forasteiro. Eu a coloquei em meu bolso e a esqueci ali. Isso viria a salvar minha vida algumas vezes dali para frente. Foi nesse momento que um pensamento frio gelou meu sangue.
_Aspirante, vocês disseram que haviam encontrado ele gritando, como se procurasse por alguém?
_Sim senhor.
Meu coração disparou por alguns segundos, olhei para a janela, e lá numa lateral na rua, um homem portava um rifle de Assalto AK-47. Outros como ele se espalhavam por toda parte, um num telhado, outros em toda a rua, em posição de ataque, e posicionados para nos matar.
Entrei em desespero, estávamos sendo atacados.
Ouvi os primeiros disparos e os primeiros gritos.
segunda-feira, 1 de novembro de 2010
Como Ficar Rico
Desde que existem seres humanos, a vida deles se baseia apenas numa premissa simples: como ficar melhor que os outros.
Financeiramente, socialmente, politicamente, militarmente, sexualmente, e o caralho a quatro. Em geral boa parte da vida, as pessoas passam tentando ser melhores que as outras, ao invés de aproveitando o ser em sí.
Bom, com esse post, pretendo fazer como nos livros de auto-ajuda. Eu vou falar um monte de coisas óbvias, que caso você se desse para perder 5 minutos pensando, chegaria nas mesmas conclusões, mas como as vezes precisamos de algo que nos diga essas coisas óbvias, para acordarmos, aqui vão as dicas: Como Ficar Rico.
Reduzindo gastos
Se você, por seja lá qual for o motivo, queira aumentar sua quantidade de dinheiro, a primeira coisa que você tem que fazer é parar de gastar com coisas inúteis.
Aprender a controlar gastos é a base de toda estabilidade financeira. Tenha em mente que duas cervejas no fim de semana vão te custar 10 reais. O maço de cigarros custa 5, a gasolina do carro vai te custar 30 por semana, aquela micareta do mês que vem, 100 reais, caso queira ir de backstage, 350 reais, entrar em determinados bares, já te obriga a consumos mínimos de 30 reais, bancar uma namorada, viajar nas férias, pagar a cota do clube, etcs, etcs etcs.
Tenha em mente que lazer custa dinheiro. Quanto lazer você realmente precisa? Sim, você é brasileiro e seu sonho era não ter que trabalhar e ganhar dinheiro pra caralho. Como coçar o saco ainda não é remunerado, isso não vai acontecer, então enfie na sua cabeça essa idéia simples. Você frequenta o clube? Realmente precisa do seu carro? Aquela viagem pra europa com sua noiva é realmente nescessária? ou para vocês dois ir para uma cidade próxima do interior já vai resultar na mesma felicidade de ambos, já que vão estar juntos?
Além de repensar quais são suas nescessidades, pense em cortar gastos com coisas do lazer cotidiano, principalmente aquelas que fazem mau a sua saúde.
Ao invés de duas cervejas, beba uma. Com 5 reais a menos de gasto por semana, isso dá 20 reais por mês, ou 240 reais por ano, o que equivale a 8 ações da petrobrás.
Outra coisa, cartões de crédito. Eles são a maior merda já inventada pelo banco para te fuder. Não compre nada ou quase nada a prestações. É o pior buraco que você pode se enfiar. Quer trocar de carro? Comece a juntar dinheiro numa poupança assim que comprar um, desse modo, quando precisar trocar, você já vai ter depositado 5 ou 6 mil reais para esse fim, assim você troca de carro a vista, tira 10 ou 15 % de desconto na concessionária, dói menos no bolso e você ainda sai com o orgulho de poder dizer "À vista no cartão de débito senhor."
Cartões de crédito vão te afundar. A não ser que seja algo que você precise de verdade para agora. É mais prático juntar dinheiro, e comprar aquela TV de plasma 52 polegadas daqui a 8 meses, que financiar ela em 8, e pagar 30% a mais do valor real.
Uma coisa que fico pensando constantemente, é que as pessoas deveriam comprar aquilo que elas tem dinheiro para comprar, e não ficar sonhando com coisas que elas não tem dinheiro pra ter e dividir isso em 72 vezes sem juros no cartão.
Você tem o que você pode, se não pode, trabalhe mais para poder. Simples.
Cortar despesas, organizar sua vida financeira, é o primeiro passo para a riqueza. Mas não é único, outras coisas mais devem ser feitas após isso.
Poupar
Você reduziu seus gastos. Sua conta era o seu salário exato no fim do mês, agora começam a surgir 10%, 15% do seu salário em folga. Dependendo de sua renda, se for uma renda de classe média no Brasil (de 7 a 20 mil reais mensais) Esse valor pode ser algo entre 300-400, até 2 ou 3 mil reais mensais.
Sobrou dinheiro no fim do mês? Não é hora de torrar pequeno gafanhoto.
Existem 3 métodos para se poupar dinheiro. Comprando moedas de ouro, existem empresas que vendem elas cunhadas em grande escala. Caso você tenha a Sintrome do Colecionador, vá comprando moedas e deixando elas no banco. O ouro é um material que dificilmente desvaloriza, muito pelo contrário, ele tende a encarecer com o tempo, apesar de não ser uma valorização exata, e essa valorização ser lenta.
Outro método é o mais conhecido. Poupança nos bancos. Seu dinheiro vai render a 0,5 até 1% ao mês, 350 reais depositados por 4 anos seguidos, vão te dar 400 reais poupados, em média, ao fim de 4 anos.
Ou, caso tenha uma quantia boa (algo entre 400 a "n" reais de sobra mensais) Aplicar esse dinheiro na corretagem imobíliaria é a melhor opção.
Você, junto com outros 3 ou 4 investidores, que você pode ou não conhecer, em geral as corretoras se encarregam de formar esses grupos, vão depositar um valor X, todos os meses para comprar um imóvel determinado. Quando sua folha for contemplada, o valor que você tiver pago, em geral é vendido a cerca de 100 a 140% do valor original. Ou seja, se você investiu 6 mil reais, num periodo de 4 anos, com sua folha contemplada, você vende sua parte do imóvel por 14 ou 15 mil reais.
Você não pode mexer nesse dinheiro, como eu disse, é uma poupança. Exige paciência e garantia de que todos os meses você depositará o dinheiro, mas é um método seguro, e enquanto numa poupança, empregando 300 reais por mês, você lucraria 400 reais ao fim de 4 anos, nas corretoras imobiliárias, você lucra 7 ou 8 mil reais, depositando o mesmo valor.
Aplicar
Apesar de a corretagem seja uma forma de aplicação, ela é uma aplicação bem ligada a poupança. Quando tiver dinheiro suficiente guardado, aplica-lo em fins que vão te gerar mais dinheiro é o próximo passo para a riqueza.
Existe um mercado exclusivo para isso. A bolsa de valores. Nele você vai comprar ações (pequenas partes de uma empresa), e dependendo da % que você tiver da empresa, você ganhará essa mesma % de todo o lucro que a empresa tiver. Além disso existe ainda a especulação de ações, que é o ato de comprar ações quando elas estão desvalorizadas, e revende-las quando estão em alta. Ter ações de empresas grandes como petrobrás ou GM, apenas para tirar o lucro X mensal, não é de grande risco assim. Elas costumam render 3 ou 4% do valor investido. de 4 a 8 vezes mais que a poupança comum. O real risco das bolsas de valores está na especulação. Mas é das especulações que se fica rico. Ou pobre.
Outro modo de aplicar seu dinheiro é procurar alguma empresa pequena, mas com potencial, negociar com seu dono, e aplicar uma quantidade grande do seu patrimônio naquela empresa. Assim, com uma verba maior, o empreendimento cresce, aumenta-se o estoque, o numero de lojas funcionários, etcs etcs, o lucro cresce, e vocês passam a dividir lucros.
Ou, dependendo da sua verba, apesar de no Brasil ser difícil, montar uma própria empresa é sempre uma opção. Só ter visão de mercado, um pouco de desenvoltura, e talvez um diploma de administração ou economia. Mas lembre-se que falir é sempre um perigo.
Sociedades
Já percebeu que das pessoas mais ricas do mundo, boa parte delas são judeus ou maçons? Não é por pactos com o demônio ou questões religiosas (risos) que eles chegaram onde chegaram. O que a maçonaria e o judaísmo fazem, nada mais é que operar em sociedades.
Sempre que alguém dos seus estiver mau, você ajuda, assim, quando você estiver mau, eles te ajudarão. Como ninguém fica bem sempre, isso é como um seguro de vida.
Além disso, não só nos momentos ruins, nos bons momentos essas sociedades podem se ajudar. Caso você e outro membro de sua sociedade precisem de uma nova verba para investir em uma nova loja para sua empresa, o membro, com esse dinheiro folgado na sua conta bancária, te empresta, e depois você o devolve sem juros.
Sociedades são difíceis de se montar. É preciso conhecer os outros membros, mas caso consiga juntar com amigos de infância, dos quais você conhece, e dar a eles uma educação financeira mínima, vocês podem crescer, não só financeiramente, juntos.
Bom método ainda é fazer uma ligação familiar. Suas esposas serem companheiras, seus filhos serem melhores amigos, churrasco nos domingos, passeios no parque juntos, etcs. Assim, esse companheirismo garante sempre o apoio nos negócios.
A união faz a força.
Senso de trabalho
Já disse Bill Gates em sua palestra para jovens, em uma escola americana: "Vender jornal ou ter um trabalho de férias não está abaixo da sua classe social. Seus avós tem outro nome para isso. Eles chamam de oportunidade."
Se você é de menor, ou está na faculdade. Aproveite suas oportunidades. Qualquer quantia em dinheiro pode te ajudar depois. Por exemplo, se todos os anos, nas férias de julho, desde seus 14 anos, você trabalhar, e ganhar 1 salário mínimo, quando tiver 21 anos, vai ter em torno de 4 mil reais guardados apenas dessas férias, se trabalhar nas duas férias, 8 mil reais, caso venha de uma família de classe média, ou média alta, e seu pai for "te dar um carro" ao passar na faculdade, calcule se realmente é nescessário aquele luxo de rodas, ou se você pode andar de ônibus mais alguns anos, pessa os 20 ou 30 mil reais do carro. Dependendo seus pais podem ter feito uma poupança para você no banco, nesse caso você teria ai mais uns 20 ou 30 mil guardados.
Veja, nesse caso, com 21 anos, seu patrimônio total já seria de quase 60 mil reais. É dinheiro suficiente para começar a investir, poupar e reinvestir. Em 4 anos, até seus 25, enquanto faz seja lá qual for a faculdade, manipulando esses 60 mil, talvez, caso você o faça crescer 100% ao ano, em 4 anos já vai ter quase 300 mil reais em patrimônio.
Impossível? Basta apenas dedicação e paciência.
Senso de Estudos
Apesar de que você possa nunca passar fome, seguindo essa linha de administração financeira, ter diplomas nunca é ruim. Caso queira seguir totalmente a carreira financeira, Administração, economia, e afins são bons cursos a se seguir, se não, seja qual for a área que quiser, nada te impede de seguir algumas dicas desse texto, aplicando com o patrimônio do seu salário mensal.
Além do mais, conhecimento nunca é de mais. Uma faculdade de economia ou administração podem fazer uma grande diferença na hora de enriquecer, ou perder tudo.
O mercado é uma selva. você estaria disposto a se arriscar?
Assinar:
Postagens (Atom)